Palavras chave: indução finita, interpretação geométrica da integral, limite, sucessão, somas, somas de Riemann.

eu mesmo

1. Interpretação geométrica da integral

Na aula de quinta-feira, dia 12 de Agosto, mostrei como se pode entender a integral e mostrei este gráfico:

interpretação geométrica da integral

no qual se pode ver uma função constante - a velocidade constante de um móvel entre dois momentos a,b do tempo.
Quer dizer que a área delimitada pelo gráfico da função, pelo eixo OT (eixo do tempo), entre os momentos a,b - no intervalo [a,b] é um produto:
        base x altura
         (b-a) x V0
neste caso a velocidade é uma constante V0 e como a velocidade é medida como um quociente "distância/tempo" quando fizermos a multiplicação vai resultar na grandeza "distância percorrida".
Este exemplo mostra que podemos interpretar a área que aparece no gráfico como a distância percorrida.
Esta área é representada em Matemática com o símbolo O símbolo da integral


que a gente lê "integral de v de a até b " ou "integral de v sobre o intervalo [a,b]".

Então o Cálculo constrói uma interpretação de área para representar a quantidade de um certo fenômeno, que é a integral. Se você se aprofundar em Matemática vai encontrar generalizações do conceito da integral, mas esta forma de ver é suficiente para as necessidades que vamos ter no Cálculo.

2. A área do Cálculo é uma generalização

Mas a integral, que é a área do Cálculo, já é uma generalização do conceito de "área" que você viu no Ensino Médio. A integral pode ser negativa, zero, positiva...
Deixe-me lhe mostrar um exemplo bem simples de que pode e deve ser assim. No próximo gráfico você vê um pêndulo A distãncia percorrida pelo pêndulo é zero
O pêndulo já foi muito importante na vida da gente (e continua sendo de outra forma em que energia é gasta inutilmente - causando aquecimento - portanto é preciso adquirir consciência disto para retornar a um modo de vida racional....).
Antes haviam relógios de pêndulos e continua havendo, agora o pêndulo é uma célula de quartz que é estimulada por um circuíto elétrico emitindo uma onda, que "oscila" como o pêndulo mecânico oscilava sem gastar energia de petróleo, (gastava energia de feijão).
Mas, retornando ao gráfico acima, supondo que não haja atrito no suporte do pêndulo e nem resistência com ar, nestas condições idéais, você solta o pêndulo e depois de alguns instantes ele retorna para sua mão.
Quer dizer que houve uma distância zero percorrida!
Para que eu possa montar o modêlo matemático que descreve esta situação eu preciso de interpretar parte deste movimento como "velocidade negativa" e portanto como "distãncia negativa" que anula a primeira distãncia percorrida pelo pêndulo.
Você pode ver neste exemplo dois conceitos:
  1. Os modelos matemáticos são invenções para explicar a realidade! Algumas vezes temos que criar condições ideais para ver os fenômenos funcionando e assim montar uma teoria mais simples.
    Depois complicamos a teoria "incluíndo mais realidade", aos pouquinhos, até conseguirmos um modelo matemático bastante complexo que descreva a realidade real....
  2. A integral, é a área da Matemática, é chamada algumas vezes de "área algébrica", é uma generalização do conceito "área" da geometria, tem sinal, pode ser zero, pode ser negativa ou positiva.

3. Objetivo desta interpretação: motivação ....

A curto prazo o meu objetivo é motivá-l@ para aprender a calcular somas como estas que se apresentam nas listas, e também entender o método de demontração de que falei nas listas zero, a indução finita.
Vou agora repetir o exemplo que construi em aula, o cálculo da integral quando a função v não é mais uma constante, uma parábola, que representa um caso da Física também, descreve quando um corpo cai "livremente" apenas submetido á força de gravidade.
Você poderia me perguntar, e porque não discutir o caso do pêndulo?
Infelizmente o caso do pêndulo é muito complexo para este momento inicial da disciplina, mais para frente poderemos voltar ao caso do pêndulo quando já tivermos mais informação para discutí-lo.
E neste momento o meu objetivo é outro, quero mostrar como as somas de expressões algébricas podem nos conduzir a cálcular exatamente o valor de algumas integrais.
Vou também motivá-l@ para estudar um assunto difícil, limite, que vai aparecer agora neste exemplo. Quero calcular a integral do corpo que caí em queda livre.
Lembre-se do que disse acima, para obter modelos primeiro simplificamos um pouco a realidade até encontrarmos alguma coisa que consigamos calcular, depois voltamos atrás "colocando de volta realidade" para obter um modelo mais complexo.
Vou fazer isto agora, simplificar a realidade para conseguir um modelo menos complicado.
Você estudou em Física que a velocidade de um corpo que cai em queda livre é descrito por uma parábola - equação das funções que produzem as equações do segundo grau:
     v(t) = s0 + v0 t + g t2
Cada uma destas "constantes" tem um sentido bastante preciso:
  1. "distância inicial" é s0 - é a altura a partir da qual o corpo foi lançado;
  2. v0 é a velocidade inicial com que o corpo foi lançado;
  3. g é a aceleração da grávidade - a única força que se considera ao discutir um corpo que cai em queda livre - aqui já estamos fazendo uma redução da realidade desprezando a resistência do ar que para muitos casos é tão pequena que pode ser desconsiderada mesmo.
Na minha simplificação da realidade vou considerar apenas a função:      v(t) = t2
área do triângulo como aproximação

e explico porque: o resto (que desprezei) tem uma integral fácil, a constante e a função do primeiro grau. Se eu conseguir calcular a integral da parte do segundo do grau, o resto vai ser fácil de conquistar! Você vê assim como construimos a teoria, claro, neste momento eu estou explicando a teoria e já conheço um caminho mais simplificado, mas mesmo quando eu estou aprendendo a teoria, eu faço o mesmo, começo fazendo algumas simplificações para me concentrar na parte mais difícil, depois vou acrescentando os "complementos" para construir a teoria completa.
Então eu vou lhe mostrar como calcular a integral da parábola que você vê no gráfico abaixo a integral da parábola

Seja crític@ e observe que estou fazendo uma simplificação enorme! e o melhor, vai funcionar! Você vai entendercomo usar somas para calcular esta integral e o próximo passo vai ser bem mais simplificado, quando eu começar a incluir mais realidade na questão...

4. Como calcular integrais quando a fronteira não for retilínea

Eu fiz esta pergunta em aula e alguém teve uma idéia que me ajudou a construir um método, um algoritmo. O gráfico que fiz em aula com apoio de um aluno, foi este:
aproximação da área da parábola
em que área de um triângulo inscrito na parábola representa uma aproximação da área da parábola.
O que vou agora explicar vem de Arquimedes, o grego, há mais de 2000 anos. Ele inventou um método que chamou de exaustão embora hoje os livros de Cálculo digam que o Cálculo foi inventado por uma meia dúzia de matemáticos dos séculos 16 e 17.
Em vez de usar triângulos eu vou usar uma aproximação ainda pior, mas que logo veremos ser excelente para tornar computacional. Compare com a figura abaixo:
retângulos para aproximar área
Parece mais complicado, mas logo você vai ver que o aumento de complicação vale a pena.
Como obter os retãngulos ?
Temos que montar um método, um algoritmo.
Voucomplicar ainda um pouquinho mais, para isto considere este novo gráfico! retângulos determinados por uma p.a.
Neste último gráfico eu fiz tudo algebricamente!
Se convença, precisamos de aprender a escrever formalmente para poder nos comunicar com computadores. Embora estas máquinas sugiram a idéia de que elas "uma coisa prática", na verdade não são! para nos comunicarmos com a máquina precisamos de escrever textos com grande nível de formalização, abstratos... e corretos! Redação precisa, sem erros, sem as abreviações grotescas dos diálogos na Internet induzidas por sites superficiais.
É isto que você vai ver, ao final, vou lhe mostrarum programa que calcula integrais aproximadamente e, aqui está o sumo da coisa, vou poder descobrir o valor exato da integral da parábola apenas avaliando a expressão aproximada que vou escrever e usar no programa.

4.1 Analisando o gráfico e escrevendo as expressões

No último gráfico acima:


soma de Riemann - continuação
soma de Riemann - continuação
soma de Riemann - continuação
soma de Riemann - continuação

Um programa

O programa que vou agora discutir é uma alteração do programa riemann.calc que você pode encontra na página.
A versão que estiver na página pode ser um pouco diferente da que vou discutir aqui, como aconteceu durante a aula. É um programa escrito em calc.

Uma observação é capital, aqui! Eu não estou supondo que você saiba programar, considere os programas como um instrumento audi-visual que pode ilustrar como a Matemática funciona. Entretanto você também pode aproveitar a oportunidade e aprender a programar.


Estou usando linguagens de programação de livres, distribuidas sob a GPL e portanto você não precisa desembolsar um centavo para adquirir a linguagem. A linguagem que vou usar se encontra instalada nos computadores do lab de informática. Não perca a oportunidade de aprender a programar!
Um programa na linguagem calc, como também em C++ ou em Python ou em LISP, tem uma função principal que chama outras funções que fazem parte do trabalho.
É a modularização típica das linguagens funcionais (e tem gente que torce o nariz quando a gente diz que C++ é uma linguagem funcional.... questão de pre-conceito).
Em C++ ou em Java esta função principal recebe um nome particular main(), nas outras lnguagens citadas acima esta denominação é livre, mas você pode também adotá-la o que irá tornar os seus programas mais legíveis porque todo mundo que os ler irá facilmente identificar qual é a função que gerencia o esquema.
No programa riemann.calc a função principal é Riemann(inicio, fim, n) que mais ou menos segue a regra de denominação da função principal mas usando o nome do "programa" (que as vezes chamamos de script quando estamos lidando com linguagens interpretadas (Python, calc, LISP).

O programa riemann.calc

O símbolo /* abre um comentário que é fechado pelo símbolo */ mas também podemos definir comentários no meio de linhas (ou no começo) que escondem aquela parte da linha do interpretador, então usamos o símbolo # para isto. Em geral colocamos mais de um para realçar. É o que acontece nesta linha:

soma *=deltax; ## soma = soma*deltax

em que usei um atalho típico da linguagem C++ (ou Python ou Java) e coloquei um comentário traduzindo de forma mais humana o significado do atalho.


A função f(x) é que desejo integrar

A função Riemann() é a que calcula a soma de Riemann.


Vou escrever algum texto (comentários) explicando Riemann() logo depois do texto da função. Vou usar comentários do tipo /* */ porque e um texto mais longo.

Para rodar usando calc, raspe e cole o programa num arquivo chamado, por exemplo, riemann.calc e depois execute num terminal (no mesmo diretório - ou tendo o cuidado de informar o caminho)

calc < riemann.calc

O resultado vai ser :

f(x) redefined

Riemann(inicio,fim,n) defined

I = 0.333283335

Nas duas primeiras linhas calc @ informou que leu corretamente as funções f(), Riemann() e na terceira linha saiu o resultado do cálculo da soma de Riemann.

Quer dizer, a soma de Rieman, para n = 10000 é um terço, com um erro na quarta casa decimal depois da vírgula, quer dizer um erro da ordem de 0.0001. Você pode obter melhores resultados, mas o tempo de processamento não é compensador, se você usar n muito maior.

Este resultado já ilustra muito bem o que afirmei acima de que para grande valores de n todos os termos da expressão da soma "tendem a zero" (o limite é zero) exceto o termo constante e assim o limite da soma é 1/3 como o programa está sugerindo.

/* Programa riemann01.calc

Assunto: Somas de Riemann

Descrição: cálculo de integrais aprox por somas de Riemann palavras chave: Riemann, integral, varredura

por Tarcisio Praciano Pereira - C para matemáticos Sobral, Dezembro de 2005 - UeVA

*/

define f(x) {return power(x,2);}

define Riemann(inicio, fim, n) {

local soma=0,x=inicio, deltax = (fim-inicio)/n;

while (x < fim) {

soma = soma + f(x);

x +=deltax; ## x = x + delta;

}

soma *=deltax; ## soma = soma*deltax

print "I = ",re(soma);

return(0);

} ## fim da definição de Riemann(inicio,fim,n)

/* isto é um comentário

esta função tem um laço -

while(x < fim) - enquanto x < fim.

Como x está sendo alterado a medida que o laço evolui, na linha

x +=deltax; ## x = x + delta;

então há um momento em que x > fim que é quando o laço para de ser executado.

O laço está delimitado por { e por }. Observe que dentro do laço estou apenas acumulando f(x) em soma. Isto equivale à usar a propriedade distributiva.

Ao terminar a soma de todos os valores de f em cada um dos nós (exceto o último, b) multiplico soma por deltax .

*/ ### fim do comentário

inicio = 0; fim = 1; n = 10000; ## dou valores à inicio, fim, n

quit; ## sai do calc Riemann(inicio,fim,n); ## chamo a função principal que imprime o resultado